segunda-feira, 25 de junho de 2012

Gravação do poema "IJEXÁ" - Projeto Play na Poesia!


Salve, moçada!

Já está disponível para audição a produção sonora do meu poema "Ijexá", feita para o projeto "Play na Poesia".

Eis o link: http://soundcloud.com/playnapoesia/ijex-willian-delarte

Confira abaixo a cobertura que saiu na edição nº 2 (Cultura Negra) da revista Rebosteio Digital e, ao final, mais informações sobre datas e  eventos relacionados ao projeto. 


"Caia a noite deste 20 de abril, plena sexta-feira, e o pessoal do Literatura Suburbana, em especial o gentilíssimo Israel Neto, rapper e escritor, mano firmeza!,  mais conhecido na quebrada da Vila Brasilândia e redondeza por Mano Réu, estava lá no estúdio do projeto “Play na Poesia”, separando, a meu pedido prévio, sons para a produção da gravação do meu poema “Ijexá".

Foram duas horas de muito trabalho, muitas tomadas de voz, com direito a batuques literalmente feitos na pele! E o resultado, até Oxum, deusa das águas doces e da beleza (grande homenageada no poema), por certo aprovou.

Enquanto tanta gente bate na tecla de que neste país nada funciona, de que a educação vai de mal a pior, de que o povo é ignorante, mal educado, e de que a “Cultura” e a “Arte”, assim com “C” e “A” maiúsculos, não chegam à periferia, convido todos a uma visita rápida à EMEF  Profª Caira Alayde Alvarenga Medea, mais conhecida como Emef Morro Grande, onde o Diretor, carinhosamente tido por “Luisinho” pela criançada, faz a diferença, arregaça as mangas, e abre as portas da escola para toda a comunidade e para uma infinidade de atividades e projetos culturais.

Foi nesta escola municipal da capital de Sampa que o Literatura Suburbana encontrou espaço para tocar este projeto único que, além de gravar os poetas e produzir o áudio com a mais alta tecnologia e profissionalismo, divulga o resultado no site e, ainda, promoverá a tiragem de CD´s onde constarão todas as produções".








Atenção: as gravações, que entraram no primeiro CD do projeto, encerraram-se em maio, e ficarão expostas em cabines no CCJ (Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso), próximo ao Terminal Cachoeirinha (ZN), de 23/06 a 19/08, terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h. Área de Convivência.


No mesmo local ocorrerá também a super mostra "Primeiras Obras". Confira toda a programação no link: http://ccjuve.prefeitura.sp.gov.br/2012/06/05/mostra-primeiras-obras-2011201

Encerrando, e consagrando, ocorrerá um sarau de Lançamento do Áudio-book “Play na Poesia: Vol. 1”, no no dia 21 de julho, às 18 horas, também no CCJ, e contará com a participação de todos os poetas envolvidos.


É isso aí, mais uma vez parabenizo e agradeço a toda galera do "Literatura Suburbana" pelo belíssimo trabalho e engajamento.

Axé!


Delarte






quinta-feira, 21 de junho de 2012

Evolução cronológica da nossa poesia: PASSAGENS CÉLEBRES!



 “Índio fazer barulho!
(blúblúblúblúblú)
Índio: ter.( seu orgulho!)
Índio quer apito (????)
mas (também!) sabe: gritar.”
                 (Gonçalves Dias)


“vai... um tapinha não dói!
(um tapinha?) (não dói?)
um tapinha!: não dói.
(só?) um tampinha...”
             (Augusto dos Anjos)


“erguei as mãos (e dai: glória a Deus?)
erguei: as mãos. (e dai) glória a Deus:
erguei! as mãos? - e cantai?
como os filhos: do Senhor... (;!-?)”
                    (Jorge de Lima)


“na casa do Senhor:,
não existe (Santanás?)
(xô, Satanás!)
xô – (Satanás?) (!)”
                (Murilo Mendes)


“vai descendo: na (boquinha) da garrafa;
(é na – boca - da garrafa?)
sobe-e-desce na (boquinha?!) da garrafa:
vai (na boca???): da garrafa.”
                   (Carlos Drummond de Andrade)


“amor, i love you ( )
(amor: ) i love, you?
amor – i, love, you...
amor!, i (love) you?:...”
                (Cecília Meireles)


“bebeu água? (não:)
tá com sede! (tô?)
olha!olha:olha?olha-
a água: mineral.”
            (João Cabral de Melo Neto)


“eu tô ficando: atoladinha.
tô, ficando, atoladinha?
tô - (ficando?) - atoladinha:
tô! (ficando!) atoladinha;”
                 (Clarice Lispector)


“eu tenho a força; Cavaleiro de: Jedi.
(então vem...;...;... Popozuda: - !):
vai!... ... ... (vai???).”
                        (Waly Salomão)


“tudo que é perfeito:
agente (pega!) pelo braço...
joga. (lá!) no (meio?)
mete (em cima?) – mete (embaixo!)”
                         (Paulo Leminski)


“tchê! tcherere (tchê tchê...):
tcherere - tchê tchê...
Tcherere (tchê) tchê?
tchereretchê, Tchê...-!?
(tchê?), tchê!”
                (Haroldo de Campos)


“eu quero: tchú*. (eu) quero tchá**?
eu quero (thuc-)tchá...
thuc- tchú: (thuc-tchá!).
(thuc-) – tchá - ...
thuc- (tchú?) (thuc-tchá????)

*(?!-:;,...)
**(...,;:-!?)
                  (Augusto de Campos)







TAPINHA E VERSOS ÍNTIMOS NÃO DOEM*
                             
                                                (Bonde dos Anjos)

Dói, vês! Ninguém assistiu ao tapinha formidável
Não dói, o enterro de tua última quimera.
Somente um tampinha, a ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira, glamorosa, inseparável!

Vai, acostuma-te à lama que no ombrinho te espera!
Lance o homem para frente que, nesta terra miserável,
Mora entre feras. Desce devagarinho, sente inevitável
Se te bota também necessidade, maluquinha, de ser fera.

Dói... Toma um fósforo, um tapinha. Acende teu cigarro!
O beijo, não dói, amigo, é a véspera do escarro,
A mão quebradinha que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda só um tampinha, a tua chaga,
Apedreja sua bundinha, essa mão vil que te afaga,
Não dói: escarra nessa boca que te beija!


*poema raro encontrado na pesquisa
(encomendado by Edegar Ferreira)



quinta-feira, 14 de junho de 2012

METANOIA


o processo psicótico que encadeará
a ascensão doutro status

existencialmente natural

e que te deixará 
(mais que brisado)
na pura Noia dentro
do ciclone

é o que os gregos esperam que ocorra
com você
há mais de dois mil anos.

ele passará
como um turbilhão de signos
intoleráveis, desencontrados,

alheio à sua vontade;

e o que determinará que algum caco
do espelho
do seu Ego distorcido

refletido em fosforescentes
mosaicos

realmente mude

será o poder com que vem
deleitando suas Sombras

e transfigurando

sete vícios capitais
numa virtude.



(Imagem: "Um Cão Andaluz", 1928, filme de Luis Buñel e Salvador Dali"