quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Letra Envenenada - Edição Novembro/2011

Nas praças do Butantã (São Paulo/SP), Cotia, Vargem Grande Paulista e região, mais uma edição do Jornal Conteúdo Independente!

Este mês com a novidade do novo caderno "Corre Mundo", e uma coluna especialmente dedicada aos projetos do Movimento Corre Cotia!


Confira abaixo a versão virtual do jornal e a crônica desse mês da minha coluna "Letra Envenenada":





EMBOLORADO QUADRO PATERNALISTA


Segundo uma recente pesquisa do Ibope, 55% dos brasileiros não aceitam a lei da “união estável homoafetiva”... A julgar que, dentro deste percentual, muitos permanecem “enrustidos”, é possível que encontramos no país até homossexuais conservadores consigo mesmos!

Repare, há um quadro hipócrita e embolorado, todo feito de “ordem e progresso”, que ainda enfeita a sala e o seio de nossas famílias – é o quadro da “moral cívica e do bom costume”, e sua tinta carcomida é fácil de notar, maculando a sociedade inteira:

“Homem com diversas parceiras sexuais é garanhão. Mulher com a mesma prática é vagabunda ou prostituta...”

“Meu filho, com muita dor, é homossexual e usuário. O filho do vizinho é veado e maconheiro...”

“Dependência química é caso de polícia. Livre expressão do pensamento em forma de passeata também é caso de polícia...”

“Meu pai, depois que se separou, só namora ninfetinha. O pai do meu amigo é um safado de um pedófilo...”

“Eu capo quem se engraçar com a minha filha. A filha do vizinho até que está ficando bonitinha...”

“Sem-teto é marginal. Preto é suspeito. Nordestino roubou meu emprego...”

É mesmo o paradoxo institucionalizado do conservadorismo liberal!, resquícios de místicas cruzadas e armadas ditaduras... Ora, escolhemos 5 dias no ano para exibirmos o corpo, a libido e a farra da sexualidade libertária, e nos outros 360 reclamamos ao nosso companheiro de trabalho da “pouca-vergonha” que se viu em algum lugar, do nojo que dá um beijo entre pessoas do mesmo sexo, e até arrancamos a orelha, espancamos pai e filho se, por ventura, confundirmo-los com gays que se abraçam por aí...

Um comentário:

  1. Bom texto esse seu.
    Uma vez falei para meus alunos que toda dor humana me atinge porque sou humano.
    Desrespeitar alguém por ser negro me ofende porque eu, mesmo branco, sou humano. Desrespeitar alguém por ser mulher me ofende porque eu, mesmo homem, sou humano. Desrespeitar alguém por ser deficiente físico me ofende porque eu, mesmo sendo "normal" (existe isso?), sou humano. Desrespeitar alguém por sua sexualidade me ofender porque eu sou humano.
    Uma vez falei para meus alunos que toda dor humana me atinge porque sou humano e a escola sabendo que disse respeitar a diversidade sexual me convidou a não trabalhar mais lá...

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