Perdão,
amor,
mas hoje falarei de outras flores.
Elas
crescem e despetalam
como
cupins.
Elas
se amontoam como cupins
e,
como cupins, destroçam os móveis
por
dentro.
Móveis
do mundo, cupins das arábias,
tortos,
meio
sem jeito
de
esmagar nas mãos,
de
reter nas mãos,
de
cegar com gás.
Há
uma praça na Turquia
cheia
deles, amor.
Como
sementes ao vento
eles
rosnam por toda a parte:
é
um buquê de dor,
essas
flores poderosas
que
movimentam as massas.
Suspenda
a cerveja,
o
tempo do vinho passou:
é
hora de vinagre e coquetel molotov,
mudança, dança muda,
filha
de toda Revolução.
Toda
Revolução, amor,
esmaga
a poesia dos livros,
liberta
a poesia dos livros que,
apátrida,
apátrida,
indigente,
indecente,
volta a viver nas ruas.
volta a viver nas ruas.
Essa
flor, amor,
perdão, é pra você.
perdão, é pra você.
E nos vemos na rua.
Manifestação de 15/06/2013 contra a Copa do Mundo e das Confederações em Brasília
(crédito da imagem: Ricardo Matsukawa / Terra)
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