Como podem perceber, postei no final ano passado, 14/12 para ser exato, o poema “Ciclo Estufa”. Compu-lo, na verdade, diante das terríveis cenas de deslizamentos do começo de 2010, visto que também fui quase sua vítima no réveillon deste mesmo ano.
Digo “quase” porque ao chegar na região serrana do Rio uma vozinha minimalista ao pé do ouvido (e o céu negro, renitente, juntamente com a água que não parava de cair e já inundar toda Trindade) me dizia “pegue tua Prêta e vai-te embora!”... Foi o que fizemos, e no dia seguinte as imagens na TV nos dizia que passar a virada na estrada de volta a São Paulo foi providencial, para não dizer “redentor”.
Postei, confesso, já prevendo a repetição dessas imagens no início deste ano, só não imaginava que seria um quadro ainda pior; mas há como dizer que trata-se de “tragédia” algo tão e tão anunciado?
Édipo sabia que iria matar o pai e possuir a mãe, e acabou concretizando a profecia ao tentar fugir dela... Isso me parece uma tragédia: o incontrolável, as lambadas do acaso!
Como dizer que o que vemos se repetir ano a ano - que já consta nos levantamentos e mapeamentos do poder público, já é sabido pelo morador (aliás, sem muita escolha) quando ali instaura sua morada, pelo empresário que ali investe em pousadas, hotéis, mansões de veraneio - como dizer que todas essas vidas perdidas, que todo tijolo arrastado pelas águas, é uma tragédia? Como dizer, também, que todo o “Ciclo Estufa” é uma tragédia???
Uma coisa me parece clara: enquanto o Estado maior - a união federal - não viabilizar um programa nacional de combate a enchente e o realojamento de construções das já sabidas “áreas de riscos”, veremos mais e mais esse quadro se repetir. Digo “união federal”, pois já enoja-me ver o jogo de “empura-empurra”: o prefeito que diz que sozinho não dá conta e solicita ao governador que solicita à união que cobra dos municípios....
Não, não dá, não tem como mais engolir essa navalha demagógica!
A solução poderia ser simples (e dinheiro em caixa não faltaria para isso!): constrói-se um novo Ministério (já que adoram partilhar nosso dinheiro nessas grandes carteiras) com um nome bem sugestivo, “Ministério da Dor”, por exemplo, que será responsável pela cobrança - junto aos Estados e Municípios (e também envio de verbas, claro!) - e realização de um projeto amparado pela nossa Constituição, no nosso direito de ter moradia (fixa ao solo), por exemplo...
... e as verbas? Ah, verbas!!!, bem, se todo o nosso “fantástico” quadro econômico não puder subsidiar este programa (e até aceitamos um narizinho vermelho nas nossas caras – é por uma boa causa...), poderíamos, então, por em prática uma arrecadação emergencial – por uma simples medidinha provisória... – de um impostinho já previsto e nunca regulamentado, não se sabe o porquê, sobre as nossas “tordesilhescas” grandes fortunas ...
Taí, gostei: um comprimidinho de grandes fortunas analgésicas ao Ministério da Dor.... Apenas, talvez, muito sensato para sair do papel.
Muito bom parabens!!!
ResponderExcluiralguem tem coragem de dizer com todas as palavras... Juntos somos fortes...
Abraço - Fabiana Vidigal