Amigo é coisa pra se soltar
na gaiola e alimentar
seu sonho de liberdade.
Feito isso, partirá.
Também par
tido
você estará
com a sensação de que um membro fora cortado –
ele que, a ti encarnado,
você jamais pensou que lâmina estúpida
pudesse o arrancar.
Você tentará movê-lo,
sentirá uma fisgada,
e ele não estará lá.
No verão, retornará ao ninho
qual filho pródigo,
mas não lembrará
o código de se deitar.
O membro restará cortado,
e não haverá prótese que substitua
a carne que vocês compuseram
com sangue, suor e lágrima.
Um outro membro terá que surgir
alhures
tal orelha no dorso estreito
de um rato no laboratório
Mas o corpo, o anticorpo,
poderá por bem o rejeitar,
como é justo que ocorra a qualquer
estranho corpo;
e ainda que ele cante algures,
nenhures da pele o ouvirá,
pois amigo é terra de se regar
na rima leve e simples do AR...
Há de se cuidar: qualquer dia, amigo,
a gente
vai se entravar.
(Imagem - Stelios Arcadious)
Linda poesia, com uma feitura bem própria.
ResponderExcluirEngraçado como não damos muita bola para este não lugar... Diz, e Ele prova, que da parte do Não Ser, Dele, tudo o que existe foi criado.
Uma parte importante que carregamos também.
Abraços!
Sylvio, legal que o poema tenha conversado com você. Bastante interessante sua interpretação.
ResponderExcluirabração, amigo!
Delarte
Zwill vc, metafisicamente, traduz em palavras algo que tenho sentido... Hj mesmo voltei de um não lugar e a dor no peito pela ausência, como a de um membro fantasma é presente...
ResponderExcluirPoxa, Edê, muito legal que o poema tennha tido esse diálogo com você, mas não é nada legal esse sentimento.
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