segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

VIRADA


Não.

Não é mais um ano,
mais um livro,
outra roda, outra gira,
número novo,
novo calendário;

não é a Virgem a chorar nossas misérias,
não é Deus preparando o chicote
nem o Tempo carrasco a marcar na pele
as cicatrizes do eterno relógio.

Não é nova era,
nova ordem,
novo tempo.

Não é momento de redenção,
de opressão
ou aniquilamento.

É sim uma chance:

refazer a cama,
lustrar os móveis,
retocar a fachada -

do amor bater na porta
e encontrar alguém em casa.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Romance, Conto ou Novela? (Pequeno artigo, cá entre nós...)


Há quem pense - e olha que não são poucos! - que “Romances” são apenas lindas histórias de amor, que “Novelas” são dramaturgias televisivas da Rede Globo ou da mexicana Televisa, e mais, que “Contos” são aquelas estorietas que lançamos mão no boteco para exaltar algum acontecimento narrativo digno de ser contado com uma cerveja na mão e uma rodela de calabresa no palito...

Pois bem, são tudo isso também, o que é justo e inegável, mas ao aplicarmos esses termos aos gêneros literários, mesmo aqueles leitores mais familiarizados com a literatura dita “canônica”, sofrem de uma insegurança tremenda ao tentar catalogar determinada ficção que, por ventura, cai em seus indagadores colos... Aqui vai um consolo: a insegurança, para não dizer “confusão”, é universalmente generalizada, e deixa até os mais renomados críticos de cabelo em pé!  Vou elucidar um pouco a problemática, longe de tentar resolver esse “B.O” ou tomar qualquer partido nesse perigoso ninho de cobra.

O Romance moderno, gênero burguês por excelência, é herdeiro das grandes epopéias gregas e latinas,  isso mesmo: Homero, Virgílio, Dante, Camões; e também das estórias medievais das cavalarias britânicas, aquelas da ilustre Corte do Rei Artur e sua gloriosa Távola Redonda... Costuma-se afirmar que Miguel de Cervantes, com o seu lendário “Dom Quixote”, seria o responsável pelo primeiro Romance moderno da história, ou seu mais significativo germe.

Com o fim da Monarquia, este gênero ficcional passou a cumprir a função de retratar o mundo e valores burgueses, sendo até chamado de “epopéia burguesa”.  Poderíamos então classificar aqui (bem a grosso modo), que um Romance é:

- uma narrativa ficcional moderna e longa, com várias ações dramáticas e desenvolvimentos de personagens (Abrangente não?). Iríamos de “Dom Casmurro” e da “Metamorfose” até “O Senhor dos Anéis”, “Harry Porter” e “O Alquimista”? Será justo? Pois sim..., mas para esses casos não subestimem o poder dos “subgêneros”...

- Tudo bom, tudo quase bem, mas e a Novela?

Cervantes, tendo como referência o dinossáurico e revolucionário “Decamerão”, também seria o responsável pela consagração desse termo e gênero, com suas “Novelas Exemplares”, paridas ao mundo em 1613, quase duzentos anos depois das dez estórias de Bocaccio. As novelas seriam então narrativas mais curtas, tendendo a se desenrolar em torno de uma, ou poucas, ações dramáticas e personagens, ainda com a peculiar característica de “inacabamento”: aquela sensação de que a estória terá uma continuidade; talvez por isso, o termo “novela” se arrastou até as produções televisivas, já que não há nada mais peculiar do que o fim de um capítulo encerrado com esse “link” para o próximo (já repararam que o capítulo acaba quando o assassino aponta a arma ou quando a esposa encontra o galã pilantra com a amante em sua própria cama?)

- E o conto, conta logo!

Está certo, o “Conto”... Bem, o “Conto”, gênero muito difundido, praticado e estruturado pelo escritor Edgar Alan Poe, seria esse gênero ficcional de curtíssimo fôlego, com apenas uma ação dramática, até mesmo uma cena...

... Mas há quem diga que alguns contos são novelas, que algumas novelas são contos, e ainda esqueci de falar do “Petit Roman” (Pequeno Romance) que na França é o “Romance” que conhecemos hoje, mas que teve que ser reduzido, uma vez que “ nos tempos áureos da burguesia francesa” chegaram a escrever ficções de mil, duas mil, sei lá quantas intermináveis páginas... E se eu falar que esse Romance reduzido, por seu caráter de “novidade”, passou a ser chamado de “Nouvelle”, ou seja, “Novela”!!!

Não, não me mandem ir a lugares que eu não gostaria de estar... Enfim, o buraco dos gêneros literários é bem mais embaixo, e essas terminologias só servem mesmo para os críticos perderem os cabelos e os leitores se deliciarem de rir...  Eu, que pouco me preocupo em me adequar aos gêneros e componho com o doce prazer de misturar e confundi-los, prefiro ficar com essas duas definições:

  (do escritor argentino “Julio Cortázar”, numa histórica conferência em Cuba):

Fazendo uma analogia com o boxe, ele diz algo parecido com: “O Romance é aquele que ganha por pontos, e o conto, por nocaute”. Aqui, ele se refere ao fato de o Conto ser um Romance “condensado”, “sintetizado”, com o poder de te arrebatar em poucas linhas. No Romance, esse arrebatamento se dá mais lentamente (colocaria a Novela aqui como uma luta onde se vence por nocaute bem nos assaltos intermediários - na metade da luta).

2ª (minha, em parceria com um crítico que não faço idéia agora quem seja):

Você pega um livro de uma única narrativa ficcional escrita a partir do século XVI e o bota de pé: se cair, é Conto; se ficar parado, é Romance; se cambalear e cair, é Novela; se cambalear, mas insistir em não tombar, ah, chame-o de “Novelão” e estará tudo certo!”


Axé!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

"Ciclo Estufa"

É um rio que desce a montanha
e corre pro mar

Uma geleira
der
     re
       ti
   da
que corta a montanha
e corre pro mar

Um mar quente          o
que d                       d 
        e                   i  
            r   r   e   t 
sobe pro céu

Uma nuvem gorda
que  d        d
         e         e
           r         r
          r         r
         e         e
          t         t
         i           i
         d        d
           a        a
desce a montanha
arrasta a casa
e corre pro mar

                          do
que d                  ti
         e   r     r     e

sobe a montanha                                                             .
abraça a criança                                                            u
que dorme na casa                                                         é
e de r  r   e    t     i      d       a                                        c 
                                                                    sobe pro

"Estória Íntima de Eu e Myself"

Quem os visse, juraria irmãos:

Myself era menino,
Eu, ancião de barba
branca como lua de São João.

Myself gostava de montar ringue
e por pra brincamorrer

Formiga-cabeçuda
          versus
Louvadeus-menino,

e nomeava Eu o juiz da luta.

(Eu nem olhava)

Até que Myself estranhou Eu:

Myself quis furar os olhos de Eu
com a ponta em brasa
de dois espetos de aço.

(Eu fechou os olhos)

Então Myself acendeu uma fogueira
no meio da noite
e rodopiou sacolas líquidas,
lançando chamas na camisa
velha e listrada de Eu.

(Eu fechou mais os olhos)

Então Myself
se fez pássaro-fênix e bateu asas,
pintando de fogo
canto a canto do céu.

(Eu, mais que mais, fechou os olhos)

Então Myself fingiu ser lágrima:

subiu flamejando
pelas bochechas gordas de Eu
e em seus olhos começou a brilhar,

brilhar,

até que toda materiangústia
fosse iluminada
e Eu aceitasse Myself assim,
como par.

"Poema Entalado"

Não era nada,
só um poema entalado na garganta.

O Doutor mediu pressão,
examinou pés,
olhos,
anca,
e nem desconfiou do súbito mal
que dorme insondável
e, atroz, se levanta.

Enfim, o câncer
(coisa que diabo espanta!),

e, um ano depois,
enquanto toda a família
jogava terra em montinhos
por sobre a manta

de lágrimas e flores,
e as senhoras maldiziam,
fazendo o sinal da cruz,
credo-ave-maria,
santa-maria santa!,

para que nunca as acometesse
o maldito,
proscrito câncer de anta!,

avistando a tumba,
longe ao alto,
eu bem sabia:
rezar nem adianta...

- Que câncer, que nada!,
 era poema raro,









entalado na garganta.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"Ilustração (Natal de Iroko)"

O ilustrador Tiago Costa, tomado de muita inspiração, como sempre, é o responsável pela elaboração de arte da imagem fixada à margem direita do blog, tendo como base um poema de minha autoria “Natal de Iroko”.

Este trabalho de ilustração integra a capa do livro, e minha estréia na poesia, "Sentimento do Fim do Mundo"!

Para uma melhor contextualização, Iroko, na tradição ketu, é um orixá simbolizado numa árvore frondosa de mesmo nome “Iroko” (no Brasil, tem-se a correspondente Gameleira Branca). Na tradição banto este orixá está relacionado ao nkisi de nome "Kitembo" (Tempo), o que nos faz construir a instintiva metáfora da "Grande Árvore do Tempo".

Dêem uma conferida no poema abaixo, visitem o blog do Tiago (ver link à direita, em "blogs recomendados") e confiram seus incríveis trabalhos...


"NATAL DE IROKO"

Ogum ergue sua espada
e fatia
num arranha-céu
de lâmina
o carbono-ar da metrópole

Uma minhoca de ferro
rasgando o chão
faz ferver
as artérias de Nanã

Oxum se derrama
por sobre a imagem
não refletida no Tietê

engravida o opulento rio
e faz jorrar sangue
e mel
no interior das casas
em  d
         e              p
            c      m        o     
                o                 s        ç
                                        i       ã
                                                   o
                                          
Xangô paralítico
se faz lodo no intestino
de toda pedra
fincada
no Palácio da Justiça

Eis quando Iroko
transpassando o céu
emerge
revestido de metal luzente
qual gameleira infinita de natal

(são milhões de papais-noéis mortos
fertilizando as raízes
que enjaulam a cidade)

- Atotô, atotô, atotô...
apita o trenó de Omulu
que vai levando todas criancinhas para o céu

"Breve Conto - O Rei"

(Como a maioria dos meus textos ficcionais é de extensão bem maior, gostaria de deixar aqui um de curto fôlego. Espero que apreciem... )


O Rei

Quando o avistou pela janela, o garotinho não teve dúvida: é ele!
Colocou em baixo do braço a velha bola que rolava nos pés e, como um foguete, correu atrás do ônibus.
- Edson!, gritou a mãe que amamentava sua irmãzinha recém nascida, encostada à calçada da avenida mais movimentada da cidade.
Deu de ouvidos. Estava cego e surdo para tudo o que o cercava. Só tinha uma imagem na cabeça, aquela onírica figura que num relance de segundos encheu seu coraçãozinho de esperança.
Corria desesperadamente, com seus grandes olhos arregalados e as incríveis canelinhas finas... Mas corria bem, sempre fora o mais rápido entre a  molecada do Centro.
Por isso não desistia. Mesmo percebendo a distância aumentar; mesmo ouvindo os gritos dos que ficavam para trás: hei pretinho!, tá maluco?”, nada, absolutamente nada poderia desviá-lo.
É verdade que fraquejou por um instante e pensou em voltar à mãe que, a esta hora, já deveria estar maluca de tantos gritos... Até mesmo por perceber que não alcançaria aquele ônibus - não com um par de canelas finas, curtas, cheias desses machucados de moleque arisco... Mas era o seu dia de sorte, claro que era!, e o ônibus que parecia sumir no horizonte parou no primeiro ponto logo à frente.
O garotinho tomou um pequeno fôlego, extremamente necessário à boca seca e ao pulmãozinho ofegante, mas não parou - o ponto estava lá, só algumas passadinhas... Torcia para que aquele homem descesse, para que o Menino-deus concedesse um milagrezinho, só um.
O sapato preto e brilhante surgiu na porta traseira do ônibus e à sua frente o milagre lhe sorria como um doce no altar. Não perdeu tempo: aproximou-se com a cabeça meio baixa, a bola enganchada no sovaco e os pés se arrastando no cimento.
Reparando-o bem, de perto e corpo inteiro, embora muito elegante – maleta preta de couro pra guardar troféus, gravata e tudo! - teve a completa certeza: é o Rei! Se bem que na tevê ele parecia ainda maior, mais forte... Mas TV é assim mesmo, nunca é o que é na verdade!
Lembrou da primeira vez que o viu na lanchonete do Português, num daqueles dias em que ganhava por recompensa, ou dó mesmo, um prato cheio de comida. Lá, todos podiam ver televisão à vontade sem pagar nada a mais, e sempre passava futebol. A hora do almoço é a hora do futebol!
Nesse dia passaram muitos gols antigos, da época em que nem existiam cores – muitos gols do Rei e de outros... Mas os mais bonitos eram os do rei, que era o melhor e, por isso, claro, era o Rei!
Desde então, sempre fora o Rei nas brincadeiras de bola. Sonhava em ser um jogador como o Rei, o melhor de todos e de todo o universo! Por isso a gargantinha secava, as perninhas bambeavam, agora que se via ali, tão pertinho.
Ainda ofegava quando cutucou aquele homem apressado e de aparência séria.
- Pode me dar um autógrafo?, disse meio gaguejando, estendendo o capotão quase sem couro.
- Eu?, sorriu o homem. Quem o senhorzinho acha que sou?
- Oras, o Rei Pelé, é claro!
O homem riu outra vez. Agachando-se, esfregou a palma da mão na cabecinha careca do garoto. Reparou nos pés descalços, no shortezinho rasgado, na camisetinha suja e manchada, nos olhinhos enormes e brilhantes.
- Eu vi todos os seus gols! Aquele de cabeça, assim!, aquele de chapeuzinho, o outro de...
- Olha filho, acho que...
- Por favor!, interrompeu o garotinho com os olhos cheios d´água.  Eu sou o seu maior fã do mundo inteiro!
Aqueles olhos - aqueles olhinhos esbugalhados! - desconcertou por completo a alma daquele homem. Vacilante, olhou para os lados sem saber ao certo o que dizer. Via sonhos naqueles olhos... Sentia-se responsável por todos.
- Quando eu crescer, também quero ser um jogador assim como o senhor... E todos vão me ver na TV! Só não vou ser rei, por que o senhor já é o Rei. Eu posso ser assim, menos que um rei...
- Um príncipe, disse o homem.
- É... O Príncipe do Futebol!, completou, abrindo um enorme sorriso.
O homem combinou alguns números, desfez o segredo do cadeado na maleta, retirou uma Bic e tomou a bola das mãos do garoto.
- Meu nome é Dedé!

Para Dedé, um futuro de Pelé”, escreveu, devolvendo a bola, timidamente.

O garotinho saiu correndo saltitante, vislumbrando a assinatura do Rei!
Com sensações dúbias no peito, o segurança preto do Bank Boston corria em direção contrária, atrasado para mais um dia invisível.
Atrás de si, distanciando-se mais e mais, o garotinho chutou uma latinha de Coca-cola e gritou “goool!”. Depois, com a mão no peito, tentou assoviar o hino nacional, imaginando a enorme bandeira da pátria subindo, flamulando no céu.

BOA VIAGEM EM SETE ONDAS



        (em memória do mel, da lua e do mar de Pernambuco)


O seios de Iemanjá rebentam.

O leite que a onda traz
é o sangue quente do mar.

O leite derrete na veia,
o sangue espuma na areia,
transborda a retina
e contorna por cima do Olho
a orla da grande esmeralda:

todo o mar é o olho aberto de Oxalá.

E lá vem o vento,
corroendo a pedra,
redesenhando os cílios infinitamente;

lá vem, lá vem,
os lábios de Oyá criam desvios no tempo.

Oxum desce a montanha,
ourando de verde a cabeleira de Odé,
arrefecendo as espinhas de Xangô,
abraçando e recolhendo,
no pé,
água e sal para o Mundo gerar.

Olhe, Ogum também vem no ar!
Ogum corre sobre o mar,
Ogum vem cortando o mar
no ar...

- Com a licença , com a licença...

Na primeira eu deixo o remorso,
embrulho tudo o que posso
entre o desprezo e o rancor.

Na segunda descarto o cansaço,
enrolo a preguiça num laço
e mergulho mais fundo na dor.

- Que a dor é sim, minha Mãe,
o que trago de mais sincero,
sem reservas, sem mistério,
é quase tudo de mim.

Na terceira lanço o engano,
junto três tiras de pano,
amarro o erro e a deixo o levar.

Na quarta canto “Odoyá!”
levemente o medo passa
-  Oh, leve o medo, lave no mar...

Na quinta eu peço Amor,
a lembrança do que passou
e do mínimo que ficará.

- Que Amor, minha Mãe, é assim:
parece nunca ter fim,
mas se finda, o que lembrar?

Na sexta eu rogo saúde
pra mais viver sem me matar...

Na sétima onda, oh sim,
nessa eu vou me  banhar!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

"A primeira ninguém esquece"

Salve!

Durante algum tempo relutei com a idéia de se criar esse espaço. Alguns amigos me coagiram durante anos: “Cara, cria um blog, cria um blog!”, e sempre achei que nunca encontraria tempo para mantê-lo “vivo”.

Com o passar deste inexorável, fui aceitando a idéia de que um blog não é necessariamente um diário e que mesmo postagens antigas ficam lá, cumprindo seu papel histórico de - como Proust certa vez descobriu - recobrar o tempo, sensações e sentimentos, com o simples registro indelével da memória. Então, vamos lá: “à la recherche du temps perdu!”.

Quero manter esse espaço virtual – universalmente particular – para dividir com todos os amigos, leitores, visitantes anônimos, vírus, spams ou pop-up´s (que por ventura, aleatoriamente, transitarem  por aqui),  um pouco do assombramento que me assola a realidade: encantamentos, indignações, um tanto de prosa e poesia (minhas e de outros), reflexão social, crônica literária, ciências - todo o caldeirão da cultura pop e seus gênios, seus marginais, eternos clássicos e clássicos eternamente efêmeros;   cedendo e buscando ombros virtuais, olhos e ouvidos afiados, corações abertos, elásticos...

Certa vez, um crítico definiria o romântico Victor Hugo: “ele é bom, mas é muito palavroso!”. Esse termo, inevitavelmente, acabei (autocriticamente) tendo para mim e, desde já, desculpem-me tal “palavrosidade” (é uma convulsão: as palavras coçam a ponta dos dedos que se danam a apertar teclas loucamente...)

Enfim, a primeira postagem, palavrosa e de rumos incertos, é apenas para saudar-vos, desejar que adentrem e se sintam em casa neste sítio que poderia ser um pedaço qualquer da minha gaveta, alguns neurônios interligados em determinado ponto obscuro da craniana caixa, um bloco de notas perdido na mochila, o verso do guardanapo usado naquele restaurante absurdamente romântico e caro; esse sítio é tudo isso, também cumprirá o papel de divulgar notícias e um pouco do meu trabalho literário - sítio virtual e  real como  os sonhos, como o sonho de se fazer real qualquer sonho.

Axé