Quem os visse, juraria irmãos:
Myself era menino,
Eu, ancião de barba
branca como lua de São João.
Myself gostava de montar ringue
e por pra brincamorrer
Formiga-cabeçuda
versus
Louvadeus-menino,
e nomeava Eu o juiz da luta.
(Eu nem olhava)
Até que Myself estranhou Eu:
Myself quis furar os olhos de Eu
com a ponta em brasa
de dois espetos de aço.
(Eu fechou os olhos)
Então Myself acendeu uma fogueira
no meio da noite
e rodopiou sacolas líquidas,
lançando chamas na camisa
velha e listrada de Eu.
(Eu fechou mais os olhos)
Então Myself
se fez pássaro-fênix e bateu asas,
pintando de fogo
canto a canto do céu.
(Eu, mais que mais, fechou os olhos)
Então Myself fingiu ser lágrima:
subiu flamejando
pelas bochechas gordas de Eu
e em seus olhos começou a brilhar,
brilhar,
até que toda materiangústia
fosse iluminada
e Eu aceitasse Myself assim,
como par.
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